O lateral-direito Mateusinho, que pertence ao Cuiabá, é mais um nome que aparece em diálogos obtidos pela Operação ‘Penalidade Máxima II’, que investiga manipulação e ações indevidas no esporte mais popular do país.
A operação tocada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) investiga um esquema envolvendo jogadores e grupos criminosos, que ganhavam dinheiro com apostas relacionadas a lances específicos em partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, além de partidas de torneios estaduais. As competições analisadas são de 2022.
O ESPN.com.br teve acesso ao processo, que mostra inúmeros diálogos envolvendo o lateral-direito, à época no Sampaio Corrêa, com intermediadores de apostas. Mateusinho teve o celular apreendido durante a operação.
Os documentos do processo mostram que o lateral fazia parte de um grupo de mensagens com sete pessoas. Em determinado momento da conversa, Mateusinho indica que cometeria uma falta dura de propósito para ser punido com cartão amarelo ou vermelho.
“Pacilo, pô rapá eu sou bagulho doido. Me deu uma missão pra mim matar… ou mato ou morro mano. Não tinha jeito mano. Eu falei Ihh.. Alguém vai se f** aí, porque eu vou dar o carrinho”, disse o lateral em áudio transcrito pelo Ministério Público de Goiás.
“A missão foi cumprida, eu ia largar de barriga”, diz o atleta adiante no diálogo. Em seguida, Mateusinho é parabenizado pelos demais nomes do grupo e é tido como um ‘homem de confiança’ por parte dos apostadores.
“Ai ai, tu a partir de hoje tu cresceu muito comigo véi. Tu é como juvenil, mas agora é profissional. Tamo junto. Descansar aqui também, que a mulher já tá olhando torto porque eu tô só no celular. Valeu rapaziada. Até amanhã”, escreve um integrante do grupo de mensagens identificado apenas como ‘Ps zagueiro’.
“Nada, deixa eu como juvenil pai. Eu quero sempre ser o menor da casa. Entendeu?”, responde Mateusinho. Em um outro momento, o lateral-direito recorre aos intermediadores ao dizer que precisa ‘fazer um dinheiro’ e se coloca à disposição até mesmo para ajudar a organizar uma manipulação. No diálogo, Mateusinho sugere o confronto entre Goytacaz e Belford Roxo, uma vez que tinha um amigo que atuava pelo Belford Roxo e poderia ajudar.
“Fala Vitão, manda a boa pra nóis. Tô durinho meu irmão. Entendeu? Fazer um dinheiro aí com a tipiçazinha de… Pô pra botar cem para mil. 100 (cem) pra qualquer coisa aqui. Fala com nóis. Boa tarde”.
“Tô na luta pra nóis aqui, tô na luta. Vamos ver se sai pelo menos uma fezinha pra nóis aí. Fechar essa daí… pra respirar todo mundo”, responde Victor Talamini, um dos sete nomes presentes no grupo. “Fechar e bater ne? É o mais difícil. Fechar ainda é fácil”.
“É isso aí… Mas ai tu manda antes pô. Pelo menos uma meia hora antes de começar que aí dá pra entrar”, escreve o lateral, que indica o jogo do Carioca como opção. “Ah tô ligado, tô ligado. Não aparece nenhuma do carioca aí não? Goytacaz e Belford Roxo? Vê ai”.
“Vê se aparece aí. Vai lá em carioca lá. Campeonato carioca. Goytacaz e Belford Roxo. “Tem um parceiro meu aqui que joga no Belford Roxo”, finaliza.
Por fim, nas páginas seguintes do processo, Mateusinho aparece irritado com um suposto não pagamento realizado após o cumprimento de uma aposta. O lateral-direito fala inúmeras vezes em ‘cobrar os caras’.
“Mano os cara não tá cobrando dos maluco lá? Então pronto mano. Nóis tem que cobrar aqui. Se fosse nóis os cara ia tá em cima cobrando igual eles tão em cima dos cara lá. Ué… então tem que cobrar mesmo fí”.
Apesar de ter sido flagrado na Operação ‘Penalidade Máxima II’, Mateusinho não foi afastado pelo Cuiabá e segue em atividade pelo clube. O atleta foi relacionado e esteve no banco de reservas durante a goleada de 4 a 0 sofrida para o Atlético-MG, em casa, na última quarta-feira (10), pelo Campeonato Brasileiro.
Por ESPN